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quarta-feira, março 30, 2005

Dia do inferno
O dia de hoje começou ontem. Na verdade, o dia de hoje começou a cerca de um mês, quando eu resolvi ir a todos (ou pelo menos alguns) os médicos que eu precisava já há algum tempo. Marquei dentista e dermatologista pra semana seguinte, sem problemas. Quando chegou a vez da ginecologista, PÃM!, só tinha horário láááááááááááá pra frente, dali um mês. Pô, em um mês eu perco o pique de ir ao médico. Vamos fazer assim: eu marco essa consulta pra daqui um mês com a minha ginecologista, e procuro uma outra (não, eu não vou a ginecologista homem) mais perto. Vou a essa consulta mais perto, linda e formosa, em que a ginecologista transgênica vai me pedir exames. Enquanto faço os exames, espero os resultados e tudo o mais, já tô laááááááááá na frente e já deu um mês. Aí levo os exames pra minha ginecologista. Brilhante, eu.
Só esqueci de um detalhe: sou uma fêmea desligada.
Resultado: consulta adiada pro dia 29, mais conhecido como ontem, às 9h40.
Tudo bem, vai. Não vou morrer por isso.

Dia 29 (ontem, pros mais íntimos), 9h20 da madrugada, saio da minha casinha rumo ao consultório da ginecologista transgênica, crente e abafando. Chego, paro o carro, entro pela porta com câmera de segurança e tenho uma grata surpresa: não posso ser atendida. Tomei banho, lavei tudo direitinho, pus uma roupinha cheirosinha, cheguei na hora, mas não posso ser atendida. E por quê? Porque estou sem a carteirinha do convênio. Eu tinha o boleto com comprovante de pagamento, mas não a carteirinha. O boleto pago aceito em TODOS os outros médicos que eu já fui até hoje na minha vida estava comigo, mas a carteirinha do convênio não. Não posso ser atendida sem a carteirinha. Não sabia que ginecologistas eram tão ligados assim a carteirinhas. Se eu soubesse, e não tivesse perdido a minha, teria dado de presente pra maldita ginecologista transgênica.
Enfim... não fui atendida.

Fui embora um pouco alterada. Cheguei no estúdio (bem rapidinho, acreditem) e finalmente lembrei da consulta com a minha ginecologista amada, aquela que tinha ficado marcada lááááááááááá pra frente. Corri nos meus papeizinhos (não, eu não uso agenda por total e completa falta de capacidade. Eu uso papeizinhos) e descobri que láááááááááááááá pra frente era 16h10 daquele mesmo dia (ontem), pra minha alegria e pra desgosto do Chefinho. Pois é, Chefinho não ficou nada feliz de saber que, além de ter chegado tarde por conta de uma consulta que não aconteceu, eu iria sair cedo, bem cedo. Mas eu não podia deixar de ir. E fui. Chego, espero, sou atendida, faço um exame, marco outros (medo!) e tudo lindo.

A noite, liguei pro Chefinho pra saber como estavam as coisas, se tinha alguma novidade, se ele precisava de carona pra ir trabalhar na dia seguinte e essas coisas todas que uma funcionária exemplar faz. Chefinho disse que não tinha nada de muito importante e que ele iria de carro, portanto eu não precisava me preocupar com a carona e ficava a meu critério ir antes ou depois do rodízio. Disse, então, que eu iria depois, afinal, chegar às 7h da manhã em Cotia não é uma das coisas mais divertidas que eu costumo fazer. E aqui começa meu dia do inferno.

Depois que eu desliguei o telefone, pensei melhor. Hum, se eu fosse pra lá antes, sairia de lá antes e poderia fazer algumas coisas. Já que Chefinho vai estar de carro, não depende da minha carona, vou antes e saio antes. E foi o que eu fiz.
Cheguei no estúdio, que me faz cada vez mais mal, às 7h, feliz e pimpona, achando que às 16h estaria no caminho contrário ao que eu tinha acabado de fazer.
Chefinho chegou às 9h30 e quando olhou pra mim fez uma cara de interrogação. Mas não era uma cara comum de interrogação. Era uma cara de interrogação misturada com "vou matar alguém" no melhor estilo Chefinho.
- Ué, furou seu rodízio?
- Nhá, cheguei às 7h.
- Mas você não vinha depois das 10?
- Ah, mas eu achei melhor vir antes pra poder fazer umas coisas.
- Fazer coisas? Fazer coisas que horas?
- A hora que eu sair.
- Que hora?
- Às 4, uai. Por que?
- Porque quando você me disse que vinha depois do rodízio e sairia depois das 8, EU MARQUEI UM COMPROMISSO JÁ QUE VOCÊ ESTARIA AQUI! (compromisso esse que eu seu que era muito importante pra ele)

Quando ele disse isso, já estava mais vermelho que a pombagira e suando bastante. Pensei que ele fosse pular no meu pescoço e olhei lá pra baixo, pela janela, calculando o que seria pior. Resolvi enfrentar o enforcamento. Felizmente, Chefinho é uma pessoa controlada (ãn-hãn...) e foi mudo pra nossa sala, e mudo permaneceu durante todo o dia. Raros foram os momentos nos quais ele grunhiu alguma resposta às minhas tentativas de diálogo ou às minhas perguntas em relação aos trabalhos. Desisti.
No fim da tarde, ele resolveu falar. E falou. E falou. E falou. E falou. E falou. E falou, quase ad eternum.
O vermelho-pombagira foi ficando rosa-Chefinho. Não soube se devia me sentir bem por ele ter colocado tudo pra fora - o que cabia a mim e o que ele precisava falar pra alguém, quem quer que fosse, a fim de não matar alguém - ou me sentir mal por também estar precisando falar e falar e falar e falar, a fim de não matar alguém, sem querer ouvir nada de ninguém e mesmo assim ter ficado ali escutando...