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sábado, março 18, 2006

Sexta-feira que vem é a formatura da minha irmã. Colação de grau e baile do curso de veterinária. Foram cinco anos de muito estudo, sacrifício, churrasco e cerveja. Amém.
Agora acaba o estudo e o sacrifício, continuando apenas o churrasco e a cerveja.

Formatura significa desenterrar meu pretinho básico pra formaturas/casamentos. Ele é lindinho: mangas frufrunhadas (termo técnico) com laços, decote em V, brilho no decote, super acinturado, saia rodada. Lindo, lindo. Quando eu rodo com ele, a saia abre inteira. É super legal.
Como eu engordei um tantinho da última vez que usei, achei prudente provar com tempo hábil de arrumar outro, caso fosse necessário.
Depois do banho, um calor dos infernos, peguei o preto básico do guarda-roupa, tirei da capa e vesti. Sempre preciso de ajuda pra fechar o zíper que as pessoas insistem em pôr na costura embaixo do braço. Se você é uma mulher que mora sozinha e depende de altas baladas pra arrumar alguém disposto a morar com você um dia desses, você vai morrer morando sozinha, porque é impossível fechar esses vestidos sem ajuda. A não ser que você esteja disposta a sair no meio da noite, tocar a campainha do vizinho pra pedir ajuda pra fechar o zíper do vestido.
O zíper desse meu pretinho básico, além de estar muitíssimo bem localizado embaixo do braço, tem problemas. Ele nunca funcionou direito.
Com o pretinho já vestido, porém aberto, eu já derretendo de calor, recorri à minha irmã (não a formanda, a outra) pra ajudar:

- Bia, sobe o zíper aí, por favor.

Levanta o braço, sobe o zíper, emperra.

- Ih, emperrou.
- Faz uma forcinha que esse zíper é ruim mesmo.
- Não sobe, Ca.
- Então desce ele.
- Também não desce.
- Ai meu cu. Ô MÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃE

Encontrei a formanda no caminho.

- Vic, me ajuda aqui, por Deus.
- Engordou, hein, fia?
- ¬¬ O zíper tá com problema.
- Xi, não tá andando não.
- Faz força.
- Não sobe.
- Isso eu já sei. Desce ele que eu quero sair daqui.
- Também não desce.
- DÁUMJEITOOOOOOOOOOOOOOO
- Ah, ele pegou o tecido.
- Puta que pariu.
- Deixa. Eu vou dar um jeito de sair daqui.
- Deixa que eu te ajudo. Você dá uma abaixada, estica os braços e eu puxo.
- ¬¬ Deixa que eu saio sozinha.

Volto pro quarto e tento sair do vestido. Levanto o dito até a cintura e vou puxando pra cima. Eu já suava horrores. O vestido tem um forro tipo cetim, que, não sei se vocês sabem, GRUDA!
Pra ajudar, eu estou num período complicado do mês, período este em que eu incho toda. Fico, digamos assim, turbinada, se é que vocês me entendem. E como eu já mencionei, o vestido é extremamente acinturado. Com o zíper fechado, ele fica colado abaixo do busto. E como eu também já mencionei, o forro dele GRUDA. E eu já mencionei que estava um calor dos infernos?
Então, imaginem a situação.
Tentei de todas as formas sair daquela desgraça sozinha e, óbvio, não consegui.

- VICTÓRIAAAAAAAAAAAAAAAAAAA, VEM AQUI PELAMORDEDEUSSSSSSSSSSSSSSSSS!
- HUMPF!
- Meu, dá um jeito de me tirar daqui.
- Abaixa o tronco e estica os braços que eu vou puxar.
- Não vai sair.
- Deixa de ser pessimista.
- Tá, mas não vai sair.

Abaixa numa posição ridícula, levanta os braços, sua feito uma porca prenha, puxa e nada.

- Hum, não vai sair...
- NÃO ME DIGA!
- Mas só você quer ter peito também, né? Precisava tanto?
- ¬¬ Você tá tentando me ajudar?
- Péra, tcho tentar descer o zíper de novo.

Puxa, chacoalha, torce, pula e nada.

- Não desce essa porra.
- EUJÁSEI! ME TIRA DAQUIIIIIIIIIIIIIIII!
- Calma, Ca. Não adianta ficar nervosa.
- PELAMORDEDEUS!
- Tcho ver o zíper de novo.

Levanta o braço e reza. Suando. Ficando sem ar.

- Putz, o zíper zoou de vez. Tá quebrado.
- Corta ele fora.
- AHN?
- CORTA ESSA BOSTA FORA LOGOOOOOOOOOOOOO. EU TÔ PASSANDO MAL.
- Tá, calma.

Corta um pedaço do zíper. Suando. O vestido grudado. O quarto começa a rodar.

- Tenta agora. Abaixa que eu puxo.

Nada.
Corta mais.

- Abaixa.

Puxa. Nada. Sem ar nenhum.

- Eu vou morrer, Vic.
- Calma.
- Corta tudo fora esse zíper desgraçado.
- Mas vai estragar tudo?
- Comassim VAI estragar???
- Tá, tá, tá... Vê agora. Eu cortei tudo. Se você não sair daí agora, se mata.

ENFIM, LIVRE!

- Cara, pensei que eu fosse morrer dentro desse vestido.
- Ah, é um belo vestido pra ser enterrada.