segunda-feira, setembro 25, 2006
No metrô...
- AH, DEIXA, MÃE!
Uma voz estridente e chorosa me chamou a atenção.
- DEIXA! POR FAVOR!
- Não, e pára de gritar.
Sentada atrás de mim. Devia ter uns 7 anos, no máximo.
- Tá, eu paro, mas deixa eu ficar com uma linha de telefone.
- Não.
- Mas porque não? Vocês não usam. Põe a 3211 no meu quarto e você e o meu pai ficam com a 3155. Ninguém usa a 3211.
- E nem você vai usar.
- Mas por queeeeeeeeeeee?
- Você vai pagar?
- Eu não. Você vai.
- Não, não vou.
- Mas vai ficar baratinho. Cê sabe que eu nem falo muito.
- Não, filhinha. E chega.
Instantes depois.
- Eu posso entrar no chat da UOL?
Quase virei pra trás e disse: HEIN?
- Vou pensar.
- Mas você pode estar em casa.
Virei pra trás, mas não disse nada.
- Todo mundo entra sem ninguém junto. Deixa eu entrar.
- Depois a gente vê.
- É super legal, mãe. Todo mundo conversa. E se eu for encontrar alguém, você pode me levar.
HEIN? Não, eu não disse, só pensei.
- Não.
- Mas por que nãooooooooooooooo?
- Porque não.
- Todas as minhas amigas entram. As mães ficam vendo a conversa, elas participam.
- Não insiste, filha. Depois nós vamos ver.
Alguns instantes.
- Você viu que a Fê comprou uma mochila nova?
XIIIIIIIIIII. De novo, só pensei.
- É...?
- É! É LINDA!
- Hm...
- É, então... Tem rodinha.
- Hm... hm...
- Agora eu quero uma nova também. Cê tem que comprar uma pra mim também.
- Não.
- Mas no começo do ano que vem, você vai me dar uma mochila nova, né?
- Pode ser. Vamos ver.
- Com rodinha.
- A gente vê...
- Dos Rebeldes. Cê tem que comprar pra mim.
As pessoas em volta se olhavam.
- MÃE! Sabia que tem tudo dos Rebeldes agora????
- É?
- ÉÉÉÉÉÉÉÉ! Tem até...
Saíram. E ninguém enforcou essa criança.