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sexta-feira, janeiro 19, 2007

Eles são muitos
Essa semana durou um mês. Fato. Todos notamos isso, não?
Ok, já que concordamos, vou contar como terminou esse mês que passou nessa semana.

Saí do trabalho às 18h, pontualmente, como sempre. Eles querem peões, terão peões. Ótimo.
Fui pro metrô, como todos os dias.
Linha verde sempre muito quente, metrô cheio, eu passei um tempo excomungando São Pedro por ter feito uma manhã nubladérrima e depois um dia de sol abafadíssimo, me fazendo errar o figurino e passar calor por causa dele. Tchananan, essa coisa toda e tal.
Chegou o Paraíso. Não, não morri. Estação Paraíso, baldeação (GENTE! Nunca escrevi essa palavra, nem vi escrito em lugar nenhum. Aliás, não sei se está certa. Dane-se) com a linha azul.
Vou pra linha azul, sentido Tucuruvi, já que a minha casa linda mora perto de uma estação dessa linha, nesse sentido, vejam vocês. Sim, minha casa MORA lá mesmo, porque casas também moram.

Vamos indo, todos, felizes para casa, lálálálálá, passam estações, lálálálálálá, o metrô cheio, lálálálálálá, eu pensando na vida, lálálálálálálá, continuo fazendo o que eu gosto?, lálálálálálálá, faço alguma coisa pra ganhar dinheiro?, lálálálálálálá, ...

- AI MEU DEUS.

Ahn? Hein? Que foi isso?
O metrô fez um barulhão. As pessoas ficaram preocupadas. Sacomé, as coisas andam desabando muito ultimamente, nunca se sabe.
Mas não tinha desabado nada. Uma voz vinda do além veio pra tranqüilizar:

- Informamos que devido a uma falha neste trem e impossibilidade de parar nesta estação, os usuários deverão seguir viagem, podendo voltar, gratuitamente, na próxima estação.

Mentira, claro. O motorista do metrô deve ter dormido e passou da estação. Ou então ele tirou carta de habilitação de metrô faz pouco tempo e errou o cálculo da distância antes de pôr o pé no breque. Alguma coisa assim...
O importante é que o trem passou da estação e não podia abrir a porta.
Ouvi alguns "ô, caralho", outros "putamerda", e seguimos viagem.

Dentro do túnel, voz do além:

- Informamos que devido a uma falha neste trem e impossibilidade de parar na estação Luz, os usuários deverão seguir viagem, podendo voltar, gratuitamente, na próxima estação.

Putz, agora vai ficar repetindo esta merda, pensei. Mas, não, foi uma única vez.

Chegamos à estação Tiradentes, a seguinte.
Abre a porta.
MAIS DA METADE das MUITAS pessoas que estavam dentro do metrô saem. Quando eu digo muitas, é assim, ó: todos os acentos ocupados e MUITAS pessoas em pé, se amassando umas nas outras. Entenderam?
Então, mais da metade dessas MUITAS pessoas saíram. O vagão ficou quase vazio.
Tudo bem, normal, a Luz é uma estação que desembarca muita gente, mesmo, por causa da integração com o trem (esse é trem de verdade), mais que justo voltar um monte de gente pra lá.
Só que as pessoas saíram e não andaram em direção ao trem que volta.
Todas ficaram paradas na porta, do lado de fora, umas olhando pra cara das outras.
Nós, dentro do vagão, olhando pra cara delas.
Apito. Fecha a porta. O trem fica parado.
Pessoas paradas na plataforma. MUITAS pessoas. Todas paradas na porta do vagão que elas tinham acabado de descer.
Continuam paradas. Continuam paradas. Continuam paradas...
Quando eu estava quase gritando "VÃÃÃÃÃÃÃO! VOCÊS ESTÃO LIVRES!", abre de novo a porta e a voz do além volta:

- ESTE TREM SEGUIRÁ VIAGEM NORMAL ATÉ SEU DESTINO FINAL! (CARALHO! - ficou subentendido)

Todas as pessoas que estavam do lado de fora entraram novamente. Seguimos viagem:

- Ah, quando ele disse que era pra voltar na próxima estação, ele quis dizer que era só quem ia desembarcar na Luz e não conseguiu.

Foi com esse comentário caindo na minha cabeça que terminou esse meu mês que passou nessa semana.
E ainda me dizem que eu preciso ter calma... CALMA!