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quinta-feira, dezembro 06, 2007

Conto de aniversario*
Ontem eu estava trabalhando em casa, com a gata operada repousando na cadeira do meu lado.
De repente a gata doida dá um pulão da cadeira e corre pra um canto. Ela parecia estar caçando alguma coisa. Ficava parada, agachada, preparando o bote, logo em seguida pulava em direção a alguma coisa que, de início, achei que fosse um espírito.
Cheguei perto e vi que não era se tratava de um fantasma, mas sim de uma barata. Saco.
"Puta que pariu, a cretina vai comer uma barata na minha frente e eu vou ser obrigada a vomitar em cima do meu trabalho. Acho que o cliente não vai entender", pensei.
Corri pra segurá-la e matar a barata, tudo ao mesmo tempo agora. Mas ficou difícil. Eu sou um tantinho atrapalhada, sabem?
O que aconteceu? Segurei a gata, quase quebrei a perna (a minha, não a da gata) e a barata fugiu.
Ok, a gata estava salva. Meu trabalho também.
Mas tinha uma barata comigo na sala. Argh.

Fui atrás da barata no canto onde ela se enfiou. Ela pôs a cabecinha pra fora e eu, pimba!, pisei nela. De leve.

Agora, um aviso: daqui pra frente o post pode ficar bem nojento.

Bom, pisei na dita. Ouvi PLAC. Tirei o pé de cima. A barets tava com metade das tripas pra fora. Gosminha e tudo.

Eu avisei...

A barata não mexia nem uma anteninha.
Fui tomada de um sentimento de culpa inacreditável. Sim, eu tenho dó de matar baratas. Eu sei que elas são nojentas e nocivas, mas eu tenho dó, tá?
Ela é um ser vivo. Um ser nojeto, mas vivo. Não gosto de tirar vidas.
Enquanto ia buscar papel higiênico pra recolher o corpo, comecei a pensar na família da barata morta, as baratinhas órfãs pedindo esmola nos faróis, as baratas amigas revoltadas que iriam me esperar sair de casa pra realizar sua vingança, talvez me cortar em milhares de pedaços e levar cada um deles pra um canto da cidade... essas coisas que acontecem quando a gente mata uma barata. Porque baratas são vingativas, acreditem.
Cheguei com o papel perto da barata esmagada com as tripas pra fora, abaixei, respirei fundo e pus o papel em cima dela. Fiz um minuto de silêncio e a filha da puta da barata saiu correndo!
Cara, a barata correu com metade do bucho pra fora! Deixando um ligeiro rastro de gosma.

Pois é. Nojento. Eu aviseeeeeei!

A fênix se enfiou num buraco que eu não tinha acesso, claro. Cutuquei, mexi, bati pra ver se ela saía, e nada.
Agora eu tinha uma barata com metade do intestino pra fora junto comigo na sala. E uma gata miando desesperada, querendo entrar. Ótima situação.
Resolvi fazer o mais lógico: ignorar tudo aquilo e voltar a trabalhar como se nada tivesse acontecido. Afinal, a barata morreria em breve e a gata desistiria logo.

Sentei, fiz um instante de reflexão, ouvi uns miados e voltei ao trabalho.
E quem disse que eu conseguia trabalhar? Impossível.

Decidi pôr a gata pra dentro pra ver se a demônia parava de miar, mas a cretina não ficava quieta no canto dela. Queria porque queria ir no buraco onde a moribunda estava. Fiquei indignada com a falta de respeito da gata com um ser que estava nos seus últimos momentos de vida, e com medo dela comer a barata e seu respectivo bucho exposto na minha frente, já que vomitar tinha sido posto fora de cogitação no começo dessa história.
Pus a gata pra fora de novo.
Nesse momento ouvi passinhos fracos. Era a barata saindo da toca.
Nunca vivi um momento de tamanha dúvida: matar a criatura de uma vez e agüentar a vingança - e a vingança, minha gente, vem a cavalo, lembram? Pense em quantas baratas cabem num cavalo! - ou socorrer a pobre e ficar com a consciência tranqüila?
Como eu não sei enfaixar abdômen baratal, e minha irmã veterinária não estava em casa, resolvi acabar com o sofrimento. Imaginando onde os pedaços do meu corpo iriam parar depois de ser esquartejada, pisei com vontade dessa vez. PLAC!
Tirei o pé de cima devagar. Cutuquei o corpo com um palitinho, mexi na antena com o mesmo palitinho, e nada. Dessa vez ela tinha ido mesmo.
Recolhi o cadáver. Joguei no lixo.

Essa noite sonhei com baratas invadindo minha casa (nada de cavalos, estranho). Hoje de manhã, quando saí de casa, olhei bem quem estava na rua antes de abrir o portão. No caminho, prestei bastante atenção pra ver se alguém me seguia. Por enquanto parece tudo normal, ou pelo menos é nisso que ELAS querem que eu acredite.


*O blogger não aceita acentos nos títulos quando escritos em MAC. Lamento o transtorno. Mas sei que vocês sobreviverão.